domingo, 24 de junho de 2012

Chip na árvore

No meio da noite, homens carregam toras de madeiras derrubadas ilegalmente. As cenas foram flagradas por uma câmera oculta escondida dentro de um cupinzeiro. Um chip de localização foi escondido dentro de uma das árvores derrubadas no dia anterior. Quando se aproxima da cidade, o sinal é captado por antenas de telefonia. Já na serraria, fiscais do Ibama localizam o sinal enviado por uma das árvores monitoradas.

Durante três meses, uma equipe do Jornal Hoje investigou a derrubada e venda ilegal de madeira no norte de Mato Grosso. Segundo as reportagens, exibidas nesta semana, pelo menos nove empresas já estão sendo investigadas por comprar madeira derrubada de forma ilegal.

Foram milhares de árvores nos últimos seis anos abatidas de forma criminosa. Segundo o Ibama, o equivalente a R$ 20 milhões em cargas de madeira. Toras que foram vendidas nas serrarias da região e legalizadas com documentação falsa.

“Eu estimo que mais de 50% são ilegais”, revela Evandro Selva, gerente do Ibama em Sinop.

Neste sábado (23), o Fantástico foi atrás de um dos acusados de derrubar e vender a madeira sem autorização.

“Quem está me acusando deve provar. As pessoas do Ibama estão falando que eu estou roubando madeira. Provem”, diz o comerciante José Edimar Garcia.

Enquanto as investigações prosseguem, os funcionários do Ibama em Sinop, maior município da região, recebem ameaças. “Foi dito que o Ibama de Sinop não perde por esperar”, conta Evandro Selva.

O Ministério Público vai seguir com as investigações, mas o promotor do caso não acredita na punição dos envolvidos.

“Os crimes ambientais são tidos como crimes de menor potencial ofensivo. Ele não vai para a cadeira por desmatar”, diz o promotor de Justiça Danilo Preti Vieira.
Fonte: globo.com/fantástico