A camisa amarela da seleção brasileira se tornou um dos principais símbolos das manifestações contra o governo que foram vistas em todo o Brasil no último domingo. Milhares de pessoas vestiram o uniforme da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para criticar o ex-presidente Lula, a atual Dilma Rousseff e pedir o fim da corrupção. Apesar de ver sua criação nas ruas de todo o país, o gaúcho Aldyr Schlee não aprova a camisa canarinho como símbolo.
Ao ver seu uniforme pelas ruas do país no domingo, o escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor universitário lamentou.
“Infelizmente, ela está sendo usada apesar de todas as safadezas da CBF. Ela está sendo usada como símbolo de uma campanha anti-PT, anti-Dilma, anti-Lula”, afirmou ao Portal da Band. O professor também apontou a incoerência da atitude. “O símbolo da corrupção está sendo usado em uma campanha contra a corrupção”.
Aos 19 anos, Aldyr, hoje com 82, venceu o concurso do jornal Correio da Manhã para escolher o novo uniforme da Seleção, que deixaria de ser branco. Sua combinação de camisa amarela com detalhes verdes, calção azul e meiões brancos superou outros 201 candidatos e acabou sendo escolhida em 1953 como o traje oficial da equipe da então Confederação Brasileira de Desportos.
Aldyr relembra seu passado para se manter “alheio” às manifestações. O criador do uniforme da seleção brasileira foi vítima da ditadura. Sua tese de doutorado “Direito de Autodeterminação dos Povos” foi apreendida em 1965 e ele só teve a chance de defendê-la 12 anos depois, o que paralisou sua carreira acadêmica. Além dos problemas profissionais, o governo militar também prejudicou sua vida particular. Por causa do que julga “uma campanha golpista”, o gaúcho não apoia os protestos.
“Pobres infelizes, mal informados. É uma pobre gente, não uma gente pobre. A corrupção é inegável, mas vestem a camisa da instituição mais corrupta do Brasil”, concluiu.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário