No dia seguinte à denúncia feita pelo Diário Gaúcho sobre as péssimas condições do Canil Municipal de Gravataí, começaram a ser tomadas medidas para melhorar a situação dos animais que vivem lá.
O titular da Promotoria Especializada do município ingressou na Justiça ontem à tarde com pedido de intervenção judicial no local.
O objetivo é que sejam cumpridas as cláusulas do Termo de Ajustamento de Conduta assinado entre o MP e a prefeitura em 2007, em que o município se comprometia a recolher animais abandonados e colocar em local adequado, bem como promover alimentação e tratamento veterinário. O MP acompanha o caso desde 2003.
"Está no limite"
A equipe do jornal retornou ao canil ontem e foi recebida pelo veterinário responsável, Roberto Velho Costa. Ele reconhece que a situação está longe do ideal: são mais de 350 animais em um espaço que deveria comportar no máximo 150 cachorros.
– Está no limite – afirma.
Além dele, trabalham no local um estagiário de Veterinária e quatro apenados, por meio de um convênio da prefeitura com a Susepe para redução de pena. Roberto explica que, na segunda-feira, ele e o único funcionário do dia estavam em horário de almoço quando a reportagem foi ao canil.
Roberto também justifica a briga registrada pelo jornal, que resultou na morte de um dos animais, como um comportamento corriqueiro dos cães:
– É da índole do cachorro. É comum.
Promessa de melhorias
Já os fiscais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul estiveram no canil, constataram a ausência de médico-veterinário responsável e condições físicas precárias, além de animais em situação de vulnerabilidade e com a saúde comprometida.
Em setembro de 2010, o conselho já havia autuado a prefeitura pela ausência do documento que comprova a presença do profissional responsável.
O secretário de Governo do município, Luiz Zaffalon, promete melhorias no canil:
– Vamos ampliar a estrutura, reformar. Entre 60 e 90 dias devem começar as obras.
Outra medida anunciada pelo secretário é a existência de uma comissão para discutir a criação de um departamento ou secretaria especializada em animais no município.
Repercussão entre os leitores
O assunto gerou grande repercussão entre os leitores do Diário Gaúcho de vários Estados, tanto na edição impressa quanto na internet.
Até as 19h de ontem, no site, foram 33 comentários sobre a matéria e mais de 50 mil visualizações no vídeo.
Chegaram à Redação mais de cem e-mails comentando a reportagem, como este:
"Fui vizinho do canil durante alguns anos, hoje estou morando fora do Estado, e sei bem o que esses animais passam lá. Segundo informações de pessoas que trabalhavam dentro do canil, as verbas da prefeitura mal davam para custear a ração dos animais. E me assusta muito a declaração da prefeitura dizendo que pretende reduzir o número de cães. Será que a medida não será a morte desses cães, como aconteceu no passado? Se querem fazer algo, que castrem os cães de rua."
Ricardo Ganero
Disputa por recursos
A veterinária, doutora em psicologia e especialista em comportamento de cães e gatos Ceres Faraco explica que os animais disputam por recursos, como comida, espaço e atenção de uma fêmea, quando estes são limitados.
O recurso escasso gera conflito.
Ela afirma que, em geral, os cães têm comportamentos para evitar o confronto direto e não é característico de um animal mutilar o outro para comer, a não ser que as condições sejam muito adversas.
– Quando são conflitos em que há agressão, mutilação ou morte, é porque há algum problema – conclui.
Fonte: Diário Gaúcho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário