sábado, 3 de dezembro de 2011

Resgatadas pelo Ibama

As duas onças-pardas resgatadas pelo Ibama na região de mata de uma fazenda em Santo Antônio de Leverger, a 35 quilômetros de Cuiabá, no dia 29 de setembro de 2010, ganharam um novo lar depois de ficarem abrigadas na sede do órgão. Nesta sexta-feira (2) elas foram transferidas da superintendência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), na capital, para um abrigo a cerca de 35 quilômetros do município. O local tem autorização do órgão para receber animais silvestres.

A bióloga Marcela Marques explica que os animais ficaram órfãos porque a mãe dos felinos morreu em um incêndio florestal. Elas foram encontradas com apenas 15 dias de vida. "Assim como qualquer criança elas tiveram cólicas, dores, precisaram ser amamentadas", explicou.

Este foi o segundo caso de onça-parda resgatada em Mato Grosso e entregue pelo Ibama aos chamados 'mantenedores de fauna silvestre', categoria a que pertencem as pessoas autorizadas pelo órgão para cuidar dos animais silvestres. A transferência das irmãs Luma e Juma durou poucos minutos.

Os nomes foram escolhidos em função do temperamento de cada animal. “A Juma sempre gostou de dormir com a barriga para cima desde bebê. Ela é mais reservada e um pouco mais estressada. Mesmo tendo uma relação conosco, só se aproximou para pedir carinho com quatro meses de idade. Já a Luma é mais dócil, porém agitada”, pontuou a bióloga, ao G1.

Susto

Luma foi a primeira a entrar no recinto com 73 m² construído na propriedade. Juma, foi a última. Mais atrevida, ela conseguiu deixar a gaiola antes mesmo que a estrutura fosse aberta. Mas apesar do susto, ela não escapou porque o ponto em que ela caiu conecta-se com o interior do novo lar.

Em janeiro, as irmãs passarão por uma bateria de exames, conforme explica Cesar Esteves Soares, chefe do núcleo de Fauna e Pesca do Ibama em Mato Grosso. “Faremos um raio-x da cabeça, molde da boca e implantar um microship para a identificação, comum para cada animal silvestre que é mantido em cativeiro”, falou ao G1. Atualmente, cada animal pesa em torno de 23 kg, de acordo com Soares.

Em cativeiro elas devem ganhar mais peso a partir da dieta a ser adotada: a base de ração de gato e carnes diversas. As onças pardas são consideradas animais em extinção. "São ameaçadas porque perdem seu habitat e começam a entrar em fazendas, propriedades", citou o veterinário.

Adaptação

A adaptação das onças-pardas ao novo lar ocorrerá gradativamente, mas não deve demorar. É o que acredita a bióloga Marcela Marques. Isso porque os animais já eram mantidos em cativeiro [no Ibama] e a partir de agora apenas mudam de local.

"Agora é monitorar o comportamento delas. A adaptação vai ser rápida porque é só reconhecer o ambiente. Se elas estivessem na natureza a readaptação seria mais demorada. No entanto, como vieram de cativeiro, será breve”, acrescentou a bióloga. No Ibama em Cuiabá os animais viviam em um espaço com pouco mais de 20 metros quadrados.

Novo lar

A propriedade para onde Luma e Juma foram levadas pertence ao engenheiro civil Sebastião Orestes de Toledo Filho. Ele conta que se interessou pelas onças quando as viu na sede do Ibama. Ele ingressou com a documentação necessária até receber, para si, a autorização.

No local o empresário, que atua na área da educação ambiental, abriga também em outros recintos exemplares de aves como tucanos, papagaios, araras. O proprietário, que nesta sexta-feira acompanhou a chegada das duas novas moradoras mostrou-se entusiasmado com a ideia de abrigá-las.

“Começamos a receber os primeiros animais em 2006, com as aves. Mas já acolhemos tamanduá, porco espinho. É uma questão de prazer", resumiu. A despesa para construir o lar das onças foi rateada com uma empresa que no estado atua no segmento agrícola.

Em Mato Grosso, de acordo com o Ibama, apenas três pessoas estão enquadradas na categoria de 'mantenedor de fauna silvestre'. Outros, no entanto, têm a autorização do instituto para ajudar no processo de reabilitação de animais que são resgatados pelo órgão. “O difícil é achar quem se dispõe a cuidar. Não é um recinto barato e, muitas vezes, precisa-se de contribuição, parcerias”, finalizou Cesar Soares, do Ibama.
Leandro J. Nascimento
Do G1 MT

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