"A Amazônia está indo para o brejo". Foi assim que o bispo d. Erwin Krautler, da Diocese do Xingu, no Pará, definiu a situação atual da região, ao participar ontem do Fórum Social Mundial, em Belém, que no primeiro dia foi dedicado inteiramente ao debate sobre a questão amazônica. "No ritmo de destruição que tenho presenciado, desde que cheguei à região, em 1965, não dou mais do que 30 anos para que a maior parte da floresta esteja devastada".
D. Erwin não quis fazer comparações entre as ações de diferentes presidentes. Mas ressalvou que Luiz Inácio Lula da Silva poderia fazer mais para conter o desmatamento: "O governo deu passos importantes. Mas Lula teria de ser mais incisivo para conseguir evitar o desastre".
A residência episcopal da Diocese do Xingu fica em Altamira, no oeste do Pará. De acordo com d. Erwin, naquela região já existem municípios em que a cobertura florestal original não passa de 10% do total: "Os outros 90% já vieram abaixo".
Segundo o bispo, respeitado como um dos mais importantes líderes católicos do Norte do país, o ritmo de destruição é menor em áreas de reservas indígenas e extrativistas. "Por isso é que considero a criação dessas reservas um passo importante para a salvação da Amazônia".
D. Erwin é um dos três bispos do Pará atualmente ameaçados de morte por sua ação social. Ele vive sob permanente proteção policial - fato do qual reclamou ontem: "Até na hora da missa tenho de conviver com aqueles dois homens armados".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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