quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Adaptação indígena

No Brasil vivem cerca de 535 mil índios. No Mato Grosso, são aproximadamente 40 mil índios. Em Sinop funciona a casa do índio. Na casa de saúde são atendidos diariamente uma média de 40 pacientes. Alguns deles estudam e trabalham na cidade, os pacientes chegam da aldeia, ficam na casa durante o tratamento e voltam para as aldeias. O antropólogo Tiago Branco falou para a TV Centro América, sobre a adaptação dos 6 índios que estudam na Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT e também dos outros índios que vivem nas cidades.

A sociedade é feita de grupos. Cada grupo se for igual ele não consegue funcionar. Você precisa ter elementos diferentes para ele poder funcionar. Quando se tem elementos muito distintos você precisa conseguir interagir com eles e essa interação pode ser positiva ou negativa. É necessário existir a diferença, como tratar ela é que é diferente. Se não houver discriminação não se tem classificação. Se não tem classificação pode não haver a inclusão.
Eu preciso qualificar, quantificar e classificar para poder determinar o que eu faço. Quando eu fiz essa discriminação dentro da Universidade Brasileira e descobri que a gente tinha só 10% de frequencia de negros e de indígenas, por discriminação procurei encontrar a igualdade e vou oportunizar. A discriminação ela só é ruim quando ela é pejorativa. Você precisa dela para poder enquadrar todo mundo.

Por exemplo, eu estou discriminando um idoso para ele poder chegar primeiro no caixa do banco, ou uma grávida, é discriminação. Precisa da discriminação para poder melhorar as relações do grupo. O que não pode fazer é segregar ou excluir.
O nosso indígena tem um problema duplo. Um que é a fisionomia e a cultura que ele tem. O índio é todo aquele indivíduo nativo e que mora dentro da sua reserva, ou dentro do espaço territorial determinado para ele. Esse índio quando ele sai da reserva e está no Brasil ele continua sendo índio. Mas a partir do momento que ele começa a integrar a sociedade brasileira ele perde as prerrogativas de ser índio e passa obedecer a constituição brasileira. Ele passa a votar e ser brasileiro. Não é mais considerado um índio legalmente, embora, toda tradição dele de índio seja mantida.

A mudança e a integração com o índio só vai acontecer, principalmente na nossa região, quando a gente conseguir compreender a importância que o índio tem para nossa economia. É difícil explicar isso porque é uma explicação muito mais socioeconômica do que política. Quando nós percebemos que a existência de uma reserva indígena potencializa por diminuir nossa produção e deixar ela mais cara, e a gente pode vender mais caro por não poder plantar mais, ai vai ser muito bom ter uma reserva indígena. Assim você não vai poder usar aquela terra, portanto, sua mercadoria vai ficar mais cara. Diminui a oferta, aumenta o preço. Só que as pessoas têm uma visão do período da segunda guerra mundial. Tinha que produzir bastante para conseguir vender mais. No mundo hoje, quem produz menos com maior qualidade consegue ganhar mais. Associar estes dois mundos vai fazer com que o índio tenha um papel importante pra nossa preservação, digamos do capital brasileiro que valoriza a gente.

Nenhum comentário: