sábado, 16 de julho de 2011

Começa Série C

Lopes (Fortaleza); Ruy (Brasiliense), Teco (Brasiliense), Asprilla (Brasil de Pelotas) e Edinho (Brasiliense); Sandro Goiano (Paysandu), Leo Medeiros (Brasil de Pelotas), Souza (América-RN) e Ramon (Joinville); Tuta (Brasiliense) e Josiel (Paysandu). No banco, opções como Jaílton (Ipatinga), Adrianinho (Brasiliense) e Acosta (Brasiliense). Do time escalado acima, todos os jogadores já tiveram seus momentos de fama em clubes da elite do futebol brasileiro. Hoje, porém, sem espaço nas séries A e B, preparam-se para a disputa da Terceira Divisão. Acostumados à companhia de atletas renomados, eles terão agora, ao lado de um vasto grupo de desconhecidos, a árdua missão de buscar uma vaga na Segunda Divisão nacional, onde as coisas começam a clarear para as agremiações de menor investimento.

Ao contrário das séries A e B, a CBF não arca com as despesas de viagens e hospedagens. Além disso, sem a exibição da TV, os clubes não recebem cotas e patrocínios vantajosos. Por isso, a Série B é vista quase como um eldorado para as equipes da Terceirona, que sonham com acesso visando a uma mudança drástica de patamar, em termos financeiros e de exposição.
Com 20 clubes em busca do acesso, a Série C começa neste sábado. A fórmula é um pouco diferente da usada no ano passado. Serão quatro grupos regionais compostos por cinco clubes cada. Os dois melhores de cada chave avançam à segunda fase, quando serão formados mais dois grupos com quatro clubes. Os vencedores se enfrentam na decisão, em dois jogos. Os quatro melhores colocados sobem para a Série B. O campeão será conhecido no dia 13 de novembro.

Gigantes adormecidos

Dos 20 integrantes da Série C em 2011, dois clubes especialmente não gostariam de disputá-la. Paysandu e Fortaleza já viveram dias melhores. Hoje, apesar de toda a tradição, estão estagnados na Terceira Divisão. Terceiro colocado no Campeonato Cearense, o Leão contratou 20 jogadores para a disputa da Série C. Apesar da má campanha no estadual, a equipe terá o apoio do torcedor. Em uma demostração de paixão, cerca de 4 mil pessoas compareceram à apresentação do novo time.
- A torcida do Fortaleza não merece o time na Série C. Não é o lugar do clube. Estamos na Terceira, mas não é um clube de terceira. Nas últimas duas vezes em que disputamos a Série A, ficamos entre os clubes de melhor arrecadação. A torcida cearense é apaixonada por futebol. Estamos aqui devido a algumas administrações irresponsáveis. Problemas existem. Mas estamos organizando, e a torcida confia muito – ressaltou o presidente do Fortaleza, Osmar Baquit, revelando que o clube tentou a contratação de Carlinhos Bala mas, devido ao comportamento do jogador e seu empresário durante as negociações, descartou o negócio.

Se o clube cearense vai para sua segunda temporada na Série C, o que dizer do Paysandu? O Papão da Curuzu, que chegou a disputar a Taça Libertadores em 2003, está estagnado na Terceira Divisão desde 2007. Responsável por algumas das maiores médias de públicos da Série A na década passada, o clube falhou nas tentativas de acesso nos últimos quatro anos. A aposta é no técnico Roberto Fernandes, que chega com experiência de quem já comandou clubes da elite do futebol brasileiro, como Figueirense e Atlético-PR.
- O clube está investindo e contratando jogadores para fazer um papel eficiente na Série C. Com as contratações, acredito em uma brilhante participação – exaltou Carlos Pupo, gerente de futebol do Papão.

Uma dessas contratações é o atacante Josiel, artilheiro do Campeonato Brasileiro pelo Paraná em 2007. Após passagens por Flamengo, Jaguares-MEX e Atlético-GO, o jogador é uma das apostas do Paysandu para a disputa da Série C. Ao lado do volante Sandro Goiano, ex-Grêmio, terá a responsabilidade de levar experiência ao jovem time. Outro destaque é o atacante Rafael Oliveira, terceiro maior artilheiro do Brasil na temporada, com 20 gols.
Outro jogador que há pouco estava na elite é Ramon. Aos 39 anos, o veterano meia assumiu a responsabilidade de comandar o meio de campo do Joinville e vai disputar seu primeiro campeonato nacional longe da Série A.
- É um campeonato diferente de tudo que já participei. Mas é uma competição muito forte e disputada. Aceitei vir para o Joinville e disputar a Série C pelo projeto do clube, que me ofereceu dois anos de contratato. Temos o objetivo de chegar à Segunda Divisão. A nossa torcida é muito vibrante e está empolgada - disse o meia que, apesar da idade, ficou fora de apenas um jogo no Campeonato Catarinense.

Realidade diferenciada

Um clube que chama a atenção pelo alto investimento na competição é o Brasiliense. Rebaixado para a Série C no ano passado, o clube manteve boa parte do grupo que caiu. Nomes como Tuta, Acosta, Ruy e Adrianinho seguem na Arena do Jacaré.
- São jogadores que foram muito profissionais e compreenderam o que é o Brasiliense. Embora sejam atletas de Série A, concordaram em defender o time na Série C. Vamos fazer um esforço para montar uma equipe competitiva, que nos permita voltar para a Série B - disse o presidente do clube, Luiz Estevão.
Os bons salários e os altos bichos pagos pelo dirigente do Brasiliense atraem jogadores para a disputa da Série C.
- Não fico frustrado, até porque continuam existindo sondagens. Mas apesar de estar na Série C, o Brasiliense cumpre suas obrigações. Além disso, o que ganho aqui de salário e premiações é coisa de Série A. Lógico que se tiver uma proposta irrecusável, não serei doido de rasgar dinheiro, mas chega um momento que é melhor ficar num lugar onde você se sente bem. Outros projetos que me apresentaram não valeram a pena – disse o lateral-direito Ruy.

Eixo Rio-São Paulo

Quando o assunto é Série C, clubes do eixo Rio-São Paulo são poucos. Apenas quatro. O Madureira, que teve boa participação no Campeonato Carioca, é uma incógnita. O time perdeu vários destaques como Rodrigo (Fluminense), Valdir (Goiás), Abedi (Duque de Caxias) e Adriano Magrão (dispensado). Para o ataque, trouxe o atacante Hiroshi, que ficou conhecido por marcar o gol que eliminou o Flamengo da Taça Guanabara em 2009, quando atuava pelo Resende.

O Macaé quer apagar a traumática eliminação para o Criciúma no ano passado, quando caiu nas quartas de final e bateu na trave no acesso para a Segunda Divisão. A base segue a mesma dos últimos anos, com o lateral Bill e o volante André Gomes como jogadores mais manjados do elenco.

O Santo André espera dar um basta e frear a queda livre que o time vive desde 2009, quando disputou a Série A. Em um ano e meio, o clube caiu duas divisões nacionais e, nesta temporada, foi rebaixado para a Segunda Divisão de São Paulo. O outro clube paulista, o Marília, aposta em um grupo de jovens para não repetir a fraca campanha da temporada, quando quase caiu para a Série D.

Estaduais são termômetros?
Um dos campeonatos mais democráticos do país, a Série C tem de tudo. Desde o campeão catarinense – estado com dois clubes na Série A -, a clube rebaixado para a Segunda Divisão de Tocantins.
O Chapecoense entra cheio de moral para a disputa da Série C. No primeiro semestre, não tomou conhecimento de Avaí, Criciúma e Figueirense e faturou o título em Santa Catarina. A base da equipe é quase a mesma, mas o atacante Aloísio, artilheiro do estadual, acertou com o Figueirense.

Por outro lado, o Araguaína-TO foi rebaixado no Campeonato Tocantinense. O caçula da Série C teve um primeiro semestre decepcionante que culminou em uma série de mudanças no clube. A diretoria caiu. O novo presidente trouxe de volta o técnico Léo Goiano, responsável pelo acesso do Araguaína no ano passado.
- Somente quatro jogadores que disputaram o estadual ficaram. Montamos um novo elenco. Trouxe alguns jogadores da região e outros do futebol goiano. Nossa folha salarial é pequena (R$ 50 mil), mas tenho certeza que vamos fazer um campeonato muito bom – disse o técnico Leo Goiano, principal responsável pela reformulação no elenco do Tourão.
Outro clube que disputa a Segunda Divisão estadual e estará na disputa da Série C é o Brasil de Pelotas. O tradicional clube gaúcho, que foi terceiro colocado no Campeonato Brasileiro de 1985, espera presentear sua torcida com o acesso para a Série B no ano de seu centenário. Os principais destaques são os atacantes Marcos Denner (ex-Flamengo) e Luiz Cláudio (ex-Ceará e Inter), e o meia Léo Medeiros (ex-Flamengo).
- Nosso objetivo é estar entre os 40 melhores clubes do Brasil em 2012 - destacou o presidente do clube, André Araújo.


Primeira rodada

Grupo A
Águia de Marabá x Luverdense (sábado, às 18h)
Araguaína x Paysandu (segunda, às 20h30)

Grupo B
Guarany de Sobral x Campinense (sábado, às 16h30)
CRB x Fortaleza (sábado, às 17h)

Grupo C
Brasiliense x Madureira (sábado, às 16h)
Macaé x Marília (sábado, às 16h)

Grupo D
Santo André x Brasil de Pelotas (domingo, às15h)
Caxias x Chapecoense (domingo, às15h)
Fonte: GLOBOESPORTE.COM

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