segunda-feira, 8 de junho de 2009

Alerta de Marina Silva

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A senadora Marina Silva (PT-AC) pediu hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para vetar parte da medida provisória que legaliza a ocupação de terras públicas na Amazônia Legal. Com o apoio da bancada do PT no Senado, Marina Silva encaminhou carta ao presidente pedindo a revogação de três artigos da MP que, na sua opinião, trazem prejuízos à floresta.

A MP aprovada pelo Senado nesta quarta-feira permite a legalização de 67,4 milhões de hectares de terras públicas da União na Amazônia, para doação ou venda sem licitação, até o limite de 1.500 hectares.

Empresas que ocuparam terras públicas até 2004 também terão direito às propriedades. Os donos das terras poderão revendê-las três anos após a concessão dos títulos, no caso de imóveis médios e grandes. Os pequenos poderão ser vendidos após dez anos.

Marina quer impedir a venda dos terrenos no período de dez anos após a regularização, assim como a possibilidade de pessoas que não ocupam diretamente as terras serem beneficiadas. "Um dos artigos amplia extraordinariamente as possibilidades de legalização de terras griladas, permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas, para quem já possui outras propriedades rurais e para a ocupação indireta", argumenta Marina.

A senadora também pediu veto do artigo que prevê apenas uma declaração do ocupante da terra como requisito para a regularização fundiária. Marina Silva quer que o governo realize vistorias nas pequenas propriedades rurais antes de conceder a regularização da terra.

Na opinião da ex-ministra do Meio Ambiente, da forma como foi aprovada na Câmara e no Senado a medida provisória representa a "legalização da grilagem" ao não separar o "joio do trigo" entre as propriedades que serão regularizadas.

"O maior problema da MP são as brechas criadas para anistiar aqueles que cometeram o crime de apropriação de grandes extensões de terras públicas e agora se beneficiam de políticas originalmente pensadas para atender apenas aqueles posseiros de boa-fé", afirma Marina.

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