domingo, 17 de maio de 2009

Operação Cupim

O Fantástico mostrou hoje, a matéria sobre a Operação Cupim, com imagens da TV Centro América em Mato Grosso, incluindo as cidades de Marcelândia e Sinop.

A matéria

Durante quatro meses, Policia Rodoviária Federal e o Gaeco – grupo de promotores que combatem o crime organizado – mapearam um esquema de corrupção e de venda de madeira da floresta amazônica. Segundo os responsáveis pela investigação, havia fraude de notas fiscais e pagamento de propina.

Árvores recém-cortadas chegavam a serrarias de Sinop e Marcelândia, em Mato Grosso, uma das regiões mais desmatadas do estado. Depois, a madeira ilegal passava por Mato Grosso do Sul até São Paulo e Paraná.

No começo da semana, foram presas 15 pessoas. O Fantástico teve acesso a toda investigação, inclusive aos grampos telefônicos que mostram como era feito o pagamento de propina a fiscais estaduais.

Gravações

Em uma dessas gravações, de um lado da linha estava o funcionário público Maurício Bueno Filho. Do outro, o empresário Júlio Pereira, dono de uma transportadora. Eles conversavam sobre o pagamento de mil reais de propina para que o fiscal liberasse a passagem de um caminhão lotado de madeira extraída ilegalmente da Amazônia.

Os fiscais acusados de corrupção trabalham em um posto da Secretaria Estadual da Fazenda, em Sonora, Mato Grosso do Sul. No dia da prisão, Mauricio Bueno Filho negou tudo. O chefe da equipe de fiscalização também foi preso, e disse que não participava do esquema.

O fiscal, contudo, foi flagrado em um telefonema pedindo mil e quinhentos reais para liberar a passagem de um caminhão. O dinheiro iria para a conta bancária dele.

“Alguns maus agentes fazem esse tipo de facilitação propiciando essa cadeia nefasta contra toda uma coletividade. Porque o crime ambiental atinge a nação como um todo”, afirma o procurador-geral de Justiça de Mato Grosso do Sul, Miguel Vieira da Silva.

A quadrilha também é acusada de fraudar notas fiscais para transportar madeira da Amazônia, principalmente peroba. Em um dos casos, quatro notas com o mesmo número foram usadas em carregamentos diferentes. Nelas, não há peroba, mas árvores de menor valor que poderiam ser derrubadas legalmente.

Além disso, com carimbos falsos, os acusados davam aparência de legalidade ao documento e conseguiam passar a madeira de um estado para o outro. “Qualquer agente publico que tivesse ali poderia usar a desculpa: ‘Ah, mas estava carimbado’”, afirma o procurador.

A investigação mostra que 90% dos motoristas que transportam madeira ilegalmente só viajam à noite. O motivo é simples: em de Mato Grosso do Sul, as balanças que verificam se o carregamento está ou não dentro do peso só funcionam durante o dia. À noite, a passagem é livre.

“Além da consequência do prejuízo ambiental, você tem também o prejuízo fiscal. Um veículo acima do peso, transitando à noite, resulta em insegurança no trânsito”, afirma o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Valter Aparecido Favaro.

“Até 31 de julho, teremos 78 balanças fixas e moveis operando em todo Brasil. Quando você tem o sistema implantado, funciona 24 horas”, promete o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a quadrilha presa nesta semana lucrou cerca de R$ 10 milhões em quatro meses. O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso do Sul diz que a maior parte da madeira nobre que sai ilegalmente da Amazônia vai para fábricas de móveis, em grandes centros urbanos. “Se há um consumo e uma facilidade pra isso chegar lá, é como qualquer outro crime, consumo de drogas, roubo de carro. Porque tem alguém que consome isso.”

Nenhum comentário: