quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vira Bosta perde fundador

Em um acidente hoje, na BR 163, próximo do parque de exposições da cidade de Nova Mutum-MT, entre uma carreta e uma caminhonete tirou a vida de três pessoas e deixou outra ferida. Antônio Enio Michels de 65 anos foi levado para o hospital de Nova Mutum. Amilton Vitali de 42 anos, Reinaldo Michels e Asved Richard Michels da Fontoura, o Sal Grosso, de 47 anos não sobreviveram.

A família Vira Bosta, perdeu o fundador: Asved Richard Michels Fontoura, mais conhecido como Sal Grosso, aprendeu o ofício da cutelaria com seu avô há 30 anos atrás. Durante este período até o ano de 2000, Sal Grosso, sempre que tinha um tempo livre, estava forjando aço, transformando-o em belas facas. Neste período fez e testou todo o tipo de aço que lhe caía nas mãos; Já fez facas usando mola do Ford 29 e até mesmo de hélice de avião.

Suas facas sempre foram um sucesso entre os amigos de Sal Grosso ligados ao nativismo, pois Sal Grosso costuma presenteá-los com suas criações.

Experimentar todo o tipo de aço que vem em forma de mola ou lingote, era para ele, um desafio para encontrar a têmpera e a dureza perfeita.
Até que um dia, um de seus amigos o presenteou com uma mola de trem, que foi trazido da Serra Gaúcha. Sal Grosso, quase enlouqueceu de euforia e felicidade, pois acabou de encontrar o aço que o satisfez, e preenchia tudo o que ele achava que uma faca precisava em termos de qualidade. Então, por dois anos seguidos, ele foi atrás das sucatas das redes ferroviárias até juntar toneladas deste material.

Daí nasceu a faca Vira Bosta feita da mola dos trens ingleses com mais de 100 anos, porquê todos os nossos antigos trens Maria Fumaça foram fabricados na Inglaterra.

Aí fica a pergunta: Por que "Vira Bosta"?

Vira Bosta é um besouro da família coleóptero, que é, proporcionalmente, o bicho mais forte do mundo. Ele vira/rola a bosta do gado com suas patas traseiras e a enterra. Fazendo isso ele fertiliza, irriga, oxigena e aduba o solo. Além disso combate a mosca do chifre e salva as fazendas.
Pela força que ele representa para nossa terra, nasceu a marca da faca, sendo assim: “ Um bicho forte, gravado num aço forte”.

Com informações do site: facasvirabosta.com

5 comentários:

Anne Fontoura disse...

Vou sentir muitas saudades do meu Tio.

Jefferson disse...

Melhor faca que existe, uma grande perda para a cutelaria mundial.

Unknown disse...

Pelo que me contam esse saudoso cuteleiro confeccionava umas das mais belas peças da cutelaria gaúcha. Umas jóias de peças feitas no mais fino aço. Que pena.

Gregor Samsa disse...

Acho que fiz um dos últimos registros do Asved antes do acidente. Foi na FENADOCE, em 2009, em Pelotas. Sou de SP e estava lá para a exibição do meu curta na mostra de cinema que acontecia paralelamente. Em um intervalo, me deparei com ele dando demonstrações e falando sobre a faca, peguei minha câmera e filmei registrei aquela cena. Conversei um pouco com ele depois e acabei levando uma das facas. Pelo pouco contato que tive, deu a impressão de ser uma grande pessoa. Tempos depois, já de volta a SP, editei as imagens e entrei em contato para enviá-las, foi quando descobri que ele havia falecido havia pouco tempo. Foi uma honra poder transmitir aqueles arquivos à família!

Gregor Samsa disse...

Acho que fiz um dos últimos registros do Asved antes do acidente. Foi na FENADOCE, em 2009, em Pelotas. Sou de SP e estava lá para a exibição do meu curta na mostra de cinema que acontecia paralelamente. Em um intervalo, me deparei com ele dando demonstrações e falando sobre a faca, peguei minha câmera e filmei registrei aquela cena. Conversei um pouco com ele depois e acabei levando uma das facas. Pelo pouco contato que tive, deu a impressão de ser uma grande pessoa. Tempos depois, já de volta a SP, editei as imagens e entrei em contato para enviá-las, foi quando descobri que ele havia falecido havia pouco tempo. Foi uma honra poder transmitir aqueles arquivos à família!