Aumento do desmatamento da floresta amazônica, especialmente em Mato Grosso, cresceu assustadoramente nos últimos dois meses.
Os novos números incendeiam também o debate sobre o Código Florestal -- que, na interpretação de especialistas, teria sido o motivo para o aumento do desmatamento.
Nos últimos 30 dias, os fiscais do Ibama identificaram 20 novas áreas desmatadas em Mato Grosso. A maioria no norte do estado.
Em uma propriedade - foram derrubados mais de mil hectares de floresta - para o plantio de grãos. Alguns infratores passaram a usar um correntão, que é puxado por tratores para limpar a área com maior rapidez. Não sobra nada pela frente.
Também houve descumprimento de embargos. Áreas que deveriam ser preservadas para permitir a recuperação da vegetação - foram usadas para plantio de grãos e criação de gado.
O desmatamento da Amazônia Legal cresceu 26%, segundo dados do Inpe divulgados hoje. Em Mato Grosso - principal produtor de soja e algodão do país e com o maior rebanho bovino - respondeu por 80% da devastação na Amazônia Legal.
"Ocorreu desmatamento grave, numa situação grave no estado, com um pico de desmatamento que ainda não podemos explicar as razões porque pega inclusive fazendas”, explica a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Segundo os fiscais do Ibama, alguns infratores resolveram derrubar a floresta acreditando num suposto perdão das multas com a aprovação do Código Florestal.
"Se tiver gente acreditando está completamente enganado. Existe uma data de corte que é 2008, porém quem desmatar agora de 2008 pra cá, não vai haver anistia alguma (...). Nós não aprovamos essa prática em Mato Grosso”, afirma o presidente da Federação dos Agricultores - MT, Rui Prado.
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) questionou o avanço do desmatamento na Amazônia divulgado pelo Inpe.
"Nós não concordamos que esse número pontual, deste mês específico, que é um mês ainda de forte desmatamento por causa da época, aonde termina-se a chuva, já está começando a seca, esse período intermediário é onde tem a facilidade de praticar o desmatamento”, fala a presidente da CNA, Kátia Abreu.
Em Mato Grosso, o governador prometeu usar os dados do Inpe para intensificar a fiscalização. Ele disse que as equipes vão percorrer as áreas desmatadas e multar os infratores.
"O estado de Mato Grosso não aceita a ação criminosa nessa questão ambiental. Nós não podemos por um, ou dois, ou meia dúzia colocar em xeque toda essa riqueza e os produtores que reproduzem com muita responsabilidade, em Mato Grosso”, fala o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa.
Reportagem de Jonas Campos, globo.com/jg
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