Assustado com a divulgação de que uma área equivalente a 14 vezes o tamanho de Porto Alegre foi desmatada na região, governo federal anuncia pacote que prevê maior fiscalização
Diante da divulgação de um estudo de que uma área de mata equivalente a 14 vezes o tamanho de Porto Alegre foi devastada na Amazônia, o governo federal reagiu.
Ontem, o Palácio do Planalto confirmou um pacote de medidas que inclui o reforço policial na região, a proibição de qualquer corte de floresta nos 36 municípios que mais desmataram e a suspensão de financiamento a projetos que possam ter vínculo com as derrubadas.
Assustado com a divulgação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência com ministros para discutir a reação. Lula decidiu divulgar uma lista com a relação dos 36 municípios campeões de desmatamento e também convocar uma reunião com os prefeitos dessas cidades e os governadores do Pará, de Rondônia, de Mato Grosso e do Amazonas.
Segundo o Inpe, 50% de 3.235 km² desmatados na floresta na Amazônia, nos últimos cinco meses de 2007, estão localizados em 19 municípios de Mato Grosso, 12 do Pará, quatro de Rondônia e um do Amazonas. A maior parte dos desmatamentos detectados no período se concentrou em três Estados: Mato Grosso (53,7% do total desmatado), Pará (17,8%) e Rondônia (16%).
- Nunca antes detectamos uma taxa de desmatamento tão alta nesta época do ano - disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe, órgão que fornece imagens de satélite da área.
Na relação de providências que serão intensificadas pelo Planalto, estão o embargo de propriedades onde houve desmatamento e o bloqueio de financiamentos para aqueles que tiverem atividades que geram a derrubada de árvores e a exigência de recadastramento de propriedades localizadas nas regiões desmatadas.
Com a proibição dos financiamentos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil ficariam impedidos de liberar recursos para ações de pecuária e agricultura que promovam desmatamento ilegal. O Ministério da Justiça confirmou que, a partir do dia 21 de fevereiro, mais 780 policiais federais serão enviados à região.
A divergência em público dos ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, sobre as causas do aumento da derrubada da floresta amazônica nos últimos cinco meses, motivou um pito do presidente nos dois. Marina reclamou do avanço da fronteira da soja e da agropecuária e Stephanes retrucou. Lula mandou dizer que não era hora de acusações, mas de tomada de providências.
Fonte: Zero Hora, 25 de janeiro de 2008
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