segunda-feira, 14 de abril de 2008

Insumo em alta

A reportagem que contou com a participação de Magnos Oliveira e Fábio Mezzacasa foi exibida ontem, no Globo Rural. A matéria está no site G1.globo.com/globorural.

A safra de verão deste ano ainda está terminando e já tem agricultor comprando adubo para 2009. Em Mato Grosso, os produtores reclamam do preço.

O agricultor José Chiarello já tem todo o adubo para o plantio da próxima safra na fazenda, que fica em Sinop, norte de Mato Grosso. Ele conta que fez a compra antecipada e mesmo assim pagou 560 dólares a tonelada, quase o dobro do que custava no ano passado.

“Mesmo quem se antecipou e correu atrás para comprar em janeiro, que poucos têm essa possibilidade, já pagaram mais caro que no ano passado”, diz José Chiarello.

Para comparar o preço viemos até esta revenda de insumos em Sinop, norte de Mato Grosso. Segundo o proprietário, José Moreli, a tonelada de uma das fórmulas de adubo mais usadas na região, a base de nitrogênio, fósforo e potássio, dobrou em um ano. Em abril de 2007, a tonelada custava 300 dólares. Em janeiro desse ano saia por 560 reais e hoje não sai por menos de 750 dólares.

“Os agricultores desta região normalmente compram os fertilizantes, sementes e defensivos entre maio e setembro. Esse ano, as compras iniciaram em janeiro, já comprando os insumos com medo do aumento”, diz José Moreli, comerciante.

Na maior parte das fazendas os barracões usados para guardar o adubo estão vazios e os agricultores que ainda não compraram esses insumos já começam a ficar mais preocupados.

O seu Amélio Zanini ainda não fechou negócio com nenhuma revenda. Ele pretende plantar 500 hectares de soja. A comercialização deve ser feita no sistema de troca. Ele vai pagar os insumos com parte da soja que pretende colher. “Pra tu comprar uma tonelada de adubo hoje você precisa de 40 sacos de soja. No ano passado, o preço era 20 sacas”, diz o agricultor.

Em São Paulo nos fomos ouvir a associação nacional que representa as empresas de adubo.

“A causa principal dos sucessivos aumentos é a diferença entre a demanda e a oferta. No lado da demanda nós não podemos nos furtar a dizer que a renda agrícola no mundo ficou cada vez maior. Vamos destacar China e Índia em que um volume enorme de habitantes passou a comer, coisa que não faziam. Então a demanda, seja de proteína vegetal ou animal aumentou drasticamente e por conseqüência arrastou consigo os preços das matérias-primas e fertilizantes. Um outro fator do lado da demanda é a agroenergia. Nós já estávamos habituados no Brasil a ter etanol, vindo da cana de açúcar, mas o mundo inteiro entrou neste mercado a partir de 2006 e com isso mais uma vez puxa a demanda por matérias-prima. E por fim, do lado da oferta, nós temos algumas restrições como nitrogênio, que nós vimos o que aconteceu com o petróleo. É um produto derivado de petróleo e gás natural com acréscimo de preços. No caso do fósforo nós tivemos alguns problemas ambientais em algumas plantas americanas que foram fechadas e no caso do cloreto duas inundações em duas importantes minas, uma na Rússia e uma no Canadá que diminuiu a oferta deste produto. Oferta menor, demanda maior, preço alto”, explica o diretor executivo da Anda (Associação Nacional para difusão de adubos) , Eduardo Daher.

O Brasil importa 50% do fósforo que usa, 70% do nitrogênio e 90% do potássio.

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