O músico gaúcho Tonho Crocco, ex-integrante da banda Ultramen, está sendo processado porque compôs um rap. Mas não se trata de um rap qualquer. Os versos de "Gangue da Matriz" fazem um enfático protesto contra deputados estaduais do Rio Grande do Sul que, no fim do ano passado, aprovaram um aumento de 73% de seus próprios salários. Num trecho da música, o cantor chama o reajuste de crime.
- O processo diz que eu feri a honra dos deputados, mas para mim isso é censura. Todo brasileiro tem direito de se manifestar e criticar o que julga estar errado.
Acho que os deputados não gostaram da forma irônica como eu me referi ao assunto - diz o cantor, cujo nome ocupa lugar de destaque nos "assuntos do momento" do Twitter nesta quarta-feira, graças à notícia sobre o processo.
Com uma base eletrônica de fundo, "Gangue da Matriz" cita o nome de todos os 36 parlamentares que votaram a favor do projeto de lei que elevou de R$ 11.564,76 para R$ 20.042,34 os vencimentos dos deputados. A música foi divulgada na web no último dia 22 de dezembro, menos de 24 horas depois que o aumento dos salários foi aprovado. Na semana passada, Crocco recebeu a notificação sobre a representação movida pelo deputado federal Giovani Cherini no Ministério Público.
Cherini era presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na época em que o reajuste foi aprovado. Em sua página no Twitter, o político escreveu: "Não ingressei com ação contra Tonho Crocco. Como presidente (da Assembleia), ofereci ao MP representação para que, havendo ilicitude, tomasse providências".
- A primeira audiência sobre o processo acontece dia 22 de agosto. Vou me defender. Se eu fizer qualquer tipo de acordo, ou se for condenado, será aberto um precedente perigoso a favor da censura, e o país todo pode ficar com receio de criticar políticos - comenta o cantor gaúcho.
Fonte: O Globo
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